Anderson Barreto Moreira
1) A Rússia promoveu a retirada parcial de suas tropas no meio da semana como um teste para observar a resposta dos EUA e aliados. Segundo eles, não haveria negociações com tropas na fronteira. Os russos apenas confirmaram suas suspeitas de que, independentemente do que faça, não haverá negociação.
2) Na quinta-feira (17/02), num movimento ainda confuso, teve início o bombardeio do leste da Ucrânia pelas forças armadas daquele país. As repúblicas autônomas decretaram a evacuação de civis e a mobilização geral para combate. No ocidente, a notícia era de a Rússia estava promovendo um “false flag”, ou seja, um ataque que teria sido feito pelos próprios separatistas para provocar a resposta ucraniana e assim validar uma invasão russa. Apesar disso, o que se vê é a atuação do exército ucraniano, dominado pela extrema direita e com forte influência do Batalhão Azov, abertamente nazista e que foi incorporado nas forças armadas após 2014. Portanto, ainda paira a dúvida de quem de fato está comandando os ataques, se o governo de Kiev ou outras forças.
3) A Rússia está acolhendo quase 1 milhão de refugiados. Otan e EUA dizem que “suas forças de inteligência” tem certeza da invasão já no início dessa semana, algo que continua sendo negado por Moscou.
4) No sábado o ocidente se reuniu em Munique para a conferência de segurança onde unificou o discurso de ameaça à Rússia prometendo paralisar a economia do país com sanções. Os discursos mais duros foram da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e dos líderes da Otan e da União Europeia. O líder alemão segue vacilante e sem demonstrar qualquer capacidade de mediar a situação. A grande novidade foi o próprio discurso do presidente ucraniano, que cobrou sanções imediatas e uma data para a entrada do país na Otan. Nenhum dos pedidos foi atendido. Quase em tom de desespero, Volodymyr Zelensky deixou visível que o país virou “escudo” da Europa contra a “expansão” russa e nada tem recebido em troca. Boris Johnson cumpre o papel de apresentar a Rússia como provocadora de uma possível guerra europeia e mundial.
5) No sábado (19/02), durante a conferência, Rússia e Belarus realizaram exercícios com mísseis intercontinentais hipersônicos, tecnologia que nenhuma outra nação possui.
6) O presidente ucraniano aparentemente percebeu que a única utilidade do país é ser zona de combate para garantir a hegemonia ocidental. Provavelmente correndo o risco de ser derrubado do cargo diante de tamanha pressão, procurou o presidente francês, Emmanuel Macron no domingo (20/02), propondo um cessar fogo no leste. Macron ligou para Putin, que manteve sua posição de denunciar a Otan e os EUA de incitação da via militar. Para as próximas horas, Putin e Macron prometeram um encontro para tentar viabilizar um cessar fogo.